domingo, 14 de julho de 2013

Educação e Trabalho – A Revolução nos próximos 10 anos
No início do Século XX uma das previsões em relação ao mercado de trabalho era que uma das profissões de maior futuro seria a de telefonista. A explicação era a seguinte: como a transferência de ligações era manual, seria necessário uma telefonista para no máximo X (vamos dizer 100) assinantes. Como a previsão (correta) era que o número de assinantes aumentaria aceleradamente, logo, a quantidade de telefonistas também cresceria nessa velocidade. 

Qual foi o erro?

Simplesmente a previsão não considerou a mudança de tecnologia no processo, com a automação que tornou dispensáveis as telefonistas para intermediar ligações.

Será que vamos cometer esse mesmo tipo de erro nesse ainda início de século XXI?
Vejo alguma   projeções nas áreas do Trabalho e da Educação que parecem reforçar o caminho nessa direção equivocada. Só que dessa vez a velocidade da mudança será ainda mais acelerada e o erro aparecerá ainda mais cedo. Previsões para daqui a 10 anos que consideram que os processos serão os mesmos de hoje!

Vou abordar aqui apenas algumas tendências que terão que ser consideradas ao se fazer qualquer estimativa e projeção para os próximos 10 anos e que serão provocadas por avanços que já vem ocorrendo nas tecnologias de informação e comunicação. 
1-      Mobilidade, acesso e conectividade – Significando: de qualquer lugar e a qualquer hora (ou permanentemente); redução dos tempos e dos espaços. 
2-      Desintermediação – Significando: Se posso fazer direto, ou se uma máquina pode fazer (automação), porque preciso de alguém no meio do caminho? 
3-      Individual, customizado – Significando: Do meu jeito, feito para mim, no meu próprio ritmo 

Em função apenas desses 3 itens acima, podemos vislumbrar: 
 As relações de trabalho e governança mudarão (independente ou apesar da legislação, que deverá vir à reboque) por conta de trabalhos realizados a qualquer hora e de qualquer lugar. Primeiro nas áreas que trabalham com informações e conhecimento: jornalismo, programação, gestão, advocacia, administração (inclusive pública!), monitoramento, controle, planejamento. Depois em todas as outras, em maior ou menor grau. Quando falo de qualquer lugar e a qualquer hora, estou incluindo e destacando que isso independe de fronteiras entre países e de fusos horários. 
  
A divisão de áreas de trabalho (setores da economia) em agricultura, indústria, comércio, serviços se mostrará totalmente  irreal pela superposição e interdependência entre esses conceitos.  

Salas de aula com 1 professor e 20/30 alunos deixarão de existir como regra geral e obrigatória. O aprendizado é individual (sempre foi), mas a tecnologia permitirá sua libertação. O foco será o que aprende (aluno) e não o que ensina (professor) ou o local onde é ensinado (sala de aula). Progresso seriado como se fosse uma linha de produção e onde todos deverão cumprir os mesmos anos de estudo não farão sentido a partir do acesso direto ao conhecimento (desintermediação) e absorção em qualquer hora e lugar e no próprio ritmo do aluno.  Todo o conhecimento necessário para cada função/profissão deverá estar devidamente estruturado e mapeado pelos bons professores e disponíveis para quem quiser e quando quiser. A troca de ideias e experiências serão o complemento (essencial). Debates, reuniões, encontros, conferencias acontecerão continuamente em um ambiente similar às redes sociais.  
Autonomia na busca do conhecimento? Sim! 
O conhecimento será certificado por entidades especializadas em Certificação do conhecimento e não por quem fornece esse conhecimento.  

Empresas, organizações, Universidades e governos perderão suas fronteiras físicas e o conceito de dentro/fora terá que ser revisto.  

Regras e conceitos associados à limites de idade também terão que mudar. Alguém com 60 anos pode aprender uma nova função e realiza-la de qualquer lugar durante mais 20 ou 30 anos. Conceitos de PEA (população economicamente ativa),  PIA (população em idade ativa) e aposentadoria terão que ser atualizados. A medida da escolaridade associada à idade terá que ser revista.  

Algumas dessas mudanças virão (já estão aí) em menos de 10 anos. Algumas outras um pouco mais, mas chegarão.  
Assustador? Para muitos sim, nem tanto para quem se preparar.  
Desafiador? Certamente.  

Quando vem uma onda grande, a pessoa tem 3 opções: mergulhar achando que vai passar, fechar o olho e rezar para que não a atinja, ou pegar o ritmo e seguir no mesmo rumo da onda assumindo o controle do seu deslocamento.  
A escolha é sua! 

Paulo Milet é empresário e consultor em TI, Gestão e EAD. 



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