28 QUEST-Revista Bolsa, 1986. In: CARRASCOZA, J. A. A evolução do texto publicitário: a associação
de palavras como elemento de sedução na publicidade. São Paulo: Futura, 1999 (adaptado).
Nesse cartaz publicitário de uma empresa de papel e
celulose, a combinação dos elementos verbais e não
verbais
visa .(E) construir uma imagem positiva do anunciante, ao associar a exploração alegadamente sustentável à produção de livros.
QUESTÃO 29 Fim de semana no parque Olha o meu povo nas favelas e vai perceber Daqui eu vejo uma caranga do ano Toda equipada e o tiozinho guiando Eufóricos brinquedos eletrônicos Automaticamente eu imagino A molecada lá da área como é que tá Provavelmente correndo pra lá e pra cá Jogando bola descalços nas ruas de terra É, brincam do jeito que dá [...] Olha só aquele clube, que da hora Olha aquela quadra, olha aquele campo, olha Olha quanta gente Tem sorveteria, cinema, piscina quente [...] Aqui não vejo nenhum clube poliesportivo Pra molecada frequentar nenhum incentivo O investimento no lazer é muito escasso O centro comunitário é um fracasso RACIONAIS MCs. Racionais MCs. São Paulo: Zimbabwue, 1994 (fragmento).pelas atividades de lazer.( D) implica condições desiguais de acesso ao lazer, pela falta de infraestrutura e investimentos em equipamentos. E aponta para o predomínio do lazer contemplativo, nas classes favorecidas economicamente; e do prático, nas menos favorecidas.
QUESTÃO 30
TEXTO I SPETO. Museu Afro Brasil, 2009. Disponível em: www.diariosp.com.br. Acesso em: 25 set. 2015. TEXTO II Speto Paulo César Silva, mais conhecido como Speto, é skate e a música. O fortalecimento de sua arte ocorreu, em 1999, pela oportunidade de ver de perto as referências que trazia há tempos, ao passar por diversas cidades do Norte do Brasil em uma turnê com a banda O Rappa. Revista Zupi, n. 19, 2010. Brasil, revela elementos da cultura brasileira reconhecidos A Fia da expressão abstrata. B na representação de lendas nacionais. C na inspiração das composições musicais.( D) nos traços marcados pela xilogravura nordestina. E nos usos caracterís¿smos dos skates. -
QUESTÃO 31 ERNESTO NETO. Dengo. 2010. MAM-SP, 2010. Disponível em: http://espacohumus.com. Acesso em: 25 abr. 2017. A instalação Dengo transformou a sala do MAM-SP em um ambiente singular, explorando como principal característica artística a( A) participação do público na interação lúdica com a obra.
QUESTÃO 32
Naquela manhã de céu limpo e ar leve, devido à chuva torrencial da noite anterior, saí a caminhar com o sol ainda escondido para tomar tenência dos primeiros movimentos da vida na roça. Num demorou nem um tiquinho e o cheiro intenso do café passado por Dona Linda me invadiu as narinas e fez a fome se acordar daquela rema letárgica derivada da longa noite de sono. Levei as mãos até a água que corria pela bica feita de bambu e o contato gelado foi de arrepiar. Mas fui em frente e levei as mãos em concha até o rosto. Com o impacto, recuei e me faltou o fôlego por alguns instantes, mas o despertar foi imediato. Já aceso, entrei na cozinha na buscação de derrubar a fome e me acercar do aconchego do calor do fogão à lenha. ) uma senhora acompanhada de um garoto aparentando uns cinco anos de idade já aboletada na ponta da mesa em proseio íntimo com a dona da casa. Depois de um pipocavam por seu corpo, provocando pequenas pústulas de bordas avermelhadas. GUIÃO, M. Disponível em: www.revistaecologico.com.br. Acesso em: 10 mar. 2014 (adaptado). A variedade linguística da narrativa é adequada à descrição dos fatos. Por isso, a escolha de determinadas palavras e expressões usadas no texto está a serviço da A B composição da verossimilhança do ambiente retratado.
C restrição do papel do narrador à observação das cenas relatadas. D construção mística das personagens femininas pelo autor do texto. E caracterização das preferências linguísticas da personagem masculina.
] QUESTÃO 33 Zé Araújo começou a cantar num tom triste, dizendo aos curiosos que começaram a chegar que uma mulher tinha se ajoelhado aos pés da santa cruz e jurado em nome de Jesus um grande amor, mas jurou e não cumpriu, você pecou, o coração tem razões que a própria razão desconhece, faz promessas e juras, depois esquece. O caboclo estava triste e inspirado. Depois dessa canção que arrepiou os cabelos da Neusa, emendou com uma valsa mais arretada ainda, cheia de palavras difíceis, mas bonita que só a gota serena. Era a história de uma boneca encantadora vista numa vitrine de cristal sobre o soberbo pedestal. Zé Araújo fechava os olhos e soltava a voz: Seus cabelos tinham a cor/ Do sol a irradiar/ Fulvos raios de amor./ Seus olhos eram circúnvagos/ Do romantismo azul dos lagos/ Mãos liriais, uns braços divinais,/ Um corpo alvo sem par/ E os pés Vênus. CASTRO, N. L. As pelejas deSão Paulo: Arx, 2006 (adaptado). O comentário do narrador do romance “[...] emendou com uma valsa mais arretada ainda, cheia de palavras difíceis, mas bonita que só a gota serena” relaciona-se ao fato de que essa valsa é representativa de uma variedade linguística A detentora de grande prestígio social. B
C previsível para o contexto social da narrativa. D constituída de construções sintáticas complexas. E valorizadora do conteúdo em detrimento da forma.
QUESTÃO 34 A lavadeira começou a viver como uma serviçal que impõe respeito e não mais como escrava. Mas essa regalia súbita foi efêmera. Meus irmãos, nos frequentes deslizes que adulteravam este novo relacionamento, eram dardejados pelo olhar severo de Emilie; eles nunca suportaram de bom grado que uma índia passasse a comer na mesa da sala, usando os mesmos talheres e pratos, e comprimindo com os lábios o mesmo cristal dos copos e a mesma porcelana das xícaras de café. Uma espécie de asco e repulsa tingia-lhes o rosto, já não comiam com a mesma saciedade e recusavam-se a elogiar os pastéis de picadinho de carneiro, os folheados de nata e tâmara, e o arroz com amêndoas, dourado, exalando um cheiro de cebola tostada. Aquela mulher, sentada e muda, com o rosto rastreado de rugas, era capaz de tirar o sabor e o odor dos alimentos e de suprimir a voz e o gesto como se o seu silêncio ou a sua presença que era só silêncio impedisse o outro de viver. HATOUM, M. Relato de um certo Oriente. São Paulo: Cia. das Letras, 2000. Ao apresentar uma situação de tensão em família, o narrador destila, nesse fragmento, uma percepção das relações humanas e sociais demarcada pelo A predomínio dos estigmas de classe e de raça sobre a intimidade da convivência. B discurso da manutenção de uma ética doméstica contra a subversão dos valores. C desejo de superação do passado de escassez em prol do presente de abastança. D sentimento de insubordinação à autoridade representada pela matriarca da família. E rancor com a ingratidão e a hipocrisia geradas pelas mudanças nas regras da casa. *
- 1º dia | Caderno 2 - AMARELO - Página 15 QUESTÃO 35. Acesso em: 15 maio 2017 (adaptado). Campanhas publicitárias podem evidenciar problemas A alertar os homens agressores sobre as consequências de seus atos. B conscientizar a população sobre a necessidade de denunciar a violência doméstica. C instruir as mulheres sobre o que fazer em casos de agressão. D despertar nas crianças a capacidade de reconhecer atos de violência doméstica. E exigir das autoridades ações preventivas contra a violência doméstica.
QUESTÃO 36
TEXTO I Fundamentam-se as regras da Gramática Normativa nas obras dos grandes escritores, em cuja linguagem as classes ilustradas põem o seu ideal de perfeição, porque nela é que se espelha o que o uso idiomático estabilizou e consagrou. LIMA, C. H. R. Gramática normativa da língua portuguesa. Rio de Janeiro: José Olympio, 1989. TEXTO II Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar. As palavras são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sensualidades incorporadas. Talvez porque a sensualidade real não tem para mim interesse de nenhuma espécie — nem sequer mental ou de sonho —, transmudou-se-me o desejo para aquilo que em mim cria ritmos verbais, ou os escuta de outros. Estremeço se dizem bem. Tal página de Fialho, tal página de Chateaubriand, fazem formigar toda a minha vida em todas as veias, fazem-me raivar tremulamente quieto de um prazer inatingível que estou tendo. Tal página, até, de Vieira, na sua fria perfeição de engenharia sintáctica, me faz tremer como um ramo ao vento, num delírio passivo de coisa movida. PESSOA, F. O livro do desassossego. São Paulo: Brasiliense, 1986. A linguagem cumpre diferentes funções no processo de comunicação. A função que predomina nos textos I e II A destaca o “como” se elabora a mensagem, considerando-se a seleção, combinação e sonoridade do texto. B coloca o foco no “com o quê” se constrói a mensagem, sendo o código utilizado o seu próprio objeto. C focaliza o “quem” produz a mensagem, mostrando seu posicionamento e suas impressões pessoais. D orienta-se no “para quem” se dirige a mensagem, estimulando a mudança de seu comportamento. E enfatiza sobre “o quê” versa a mensagem, apresentada com palavras precisas e objetivas.
QUESTÃO 37 Contra narciso em mim eu vejo o outro e outro e outro
trens passando vagões cheios de gente centenas o outro que há em mim é você você e você assim como eu estou em você eu estou nele em nós e só quando estamos em nós estamos em paz mesmo que estejamos a sós /(0,16., 3 Toda poesia. São Paulo: Cia. das Letras, 2013. A busca pela identidade constitui uma faceta da tradição literária, redimensionada pelo olhar contemporâneo. No poema, essa nova dimensão revela a A ausência de traços identitários. B angústia com a solidão em público. C valorização da descoberta do “eu” autêntico. D percepção da empatia como fator de autoconhecimento. E impossibilidade de vivenciar experiências de pertencimento. *
* LC - 1º dia | Caderno 2 - AMARELO - Página 16 QUESTÃO 38 O homem disse, Está a chover, e depois, Quem é você, Não sou daqui, Anda à procura de comida, Sim, há quatro dias que não comemos, E como sabe que são quatro dias, É um cálculo, Está sozinha, Estou com o meu marido e uns Só estamos de passagem, Donde vêm, Estivemos internados desde que a cegueira começou, Ah, sim, a quarentena, não serviu de nada, Por que diz isso, Deixaram-nos sair, Houve um incêndio e nesse momento percebemos que os soldados que nos vigiavam tinham desaparecido, E saíram, Sim, Os vossos soldados devem ter sido dos últimos a cegar, toda a gente está cega, Toda a gente, a cidade toda, o país, SARAMAGO, J. Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Cia. das Letras, 1995. A cena retrata as experiências das personagens em um país atingido por uma epidemia. No diálogo, a violação de determinadas regras de pontuação A revela uma incompatibilidade entre o sistema de pontuação convencional e a produção do gênero romance. B provoca uma leitura equivocada das frases interrogativas e prejudica a verossimilhança. C singulariza o estilo do autor e auxilia na representação do ambiente caótico. D representa uma exceção às regras do sistema de pontuação canônica. E colabora para a construção da identidade do narrador pouco escolarizado. QUESTÃO 39 TEXTO I TEXTO II No verão de 1954, o artista Robert Rauschenberg (n.1925) criou o termo combine para se referir a suas novas obras que possuíam aspectos tanto da pintura como da escultura. Em 1958, Cama foi selecionada para ser incluída em uma exposição de jovens artistas americanos e italianos no Festival dos Dois Mundos em Spoleto, na Itália. Os responsáveis pelo festival, entretanto, se recusaram a expor a obra e a removeram para um depósito. Embora o mundo da arte debatesse a inovação de se pendurar uma cama numa parede, Rauschenberg considerava sua obra “um dos quadros mais acolhedores que já pintei, mas sempre tive medo de que alguém . Cama. Óleo e lápis em travesseiro, colcha e folha em suporte de madeira. 191,1 x 80 x 20,3 cm. Museu de Arte Moderna de Nova York, 1995. Disponível em: www.moma.org. Acesso em: 8 jun. 2017. DEMPSEY, A. Estilos, escolas e movimentos: guia enciclopédico da arte moderna. São Paulo: Cosac & Naify, 2003. artístico que se caracterizava pela A dissolução das tonalidades e dos contornos, revelando uma produção rápida. B exploração insólita de elementos do cotidiano, dialogando com os ready-mades. C D incorporação das transformações tecnológicas, valorizando o dinamismo da vida moderna. E
visa .(E) construir uma imagem positiva do anunciante, ao associar a exploração alegadamente sustentável à produção de livros.
QUESTÃO 29 Fim de semana no parque Olha o meu povo nas favelas e vai perceber Daqui eu vejo uma caranga do ano Toda equipada e o tiozinho guiando Eufóricos brinquedos eletrônicos Automaticamente eu imagino A molecada lá da área como é que tá Provavelmente correndo pra lá e pra cá Jogando bola descalços nas ruas de terra É, brincam do jeito que dá [...] Olha só aquele clube, que da hora Olha aquela quadra, olha aquele campo, olha Olha quanta gente Tem sorveteria, cinema, piscina quente [...] Aqui não vejo nenhum clube poliesportivo Pra molecada frequentar nenhum incentivo O investimento no lazer é muito escasso O centro comunitário é um fracasso RACIONAIS MCs. Racionais MCs. São Paulo: Zimbabwue, 1994 (fragmento).pelas atividades de lazer.( D) implica condições desiguais de acesso ao lazer, pela falta de infraestrutura e investimentos em equipamentos. E aponta para o predomínio do lazer contemplativo, nas classes favorecidas economicamente; e do prático, nas menos favorecidas.
QUESTÃO 30
TEXTO I SPETO. Museu Afro Brasil, 2009. Disponível em: www.diariosp.com.br. Acesso em: 25 set. 2015. TEXTO II Speto Paulo César Silva, mais conhecido como Speto, é skate e a música. O fortalecimento de sua arte ocorreu, em 1999, pela oportunidade de ver de perto as referências que trazia há tempos, ao passar por diversas cidades do Norte do Brasil em uma turnê com a banda O Rappa. Revista Zupi, n. 19, 2010. Brasil, revela elementos da cultura brasileira reconhecidos A Fia da expressão abstrata. B na representação de lendas nacionais. C na inspiração das composições musicais.( D) nos traços marcados pela xilogravura nordestina. E nos usos caracterís¿smos dos skates. -
QUESTÃO 31 ERNESTO NETO. Dengo. 2010. MAM-SP, 2010. Disponível em: http://espacohumus.com. Acesso em: 25 abr. 2017. A instalação Dengo transformou a sala do MAM-SP em um ambiente singular, explorando como principal característica artística a( A) participação do público na interação lúdica com a obra.
QUESTÃO 32
Naquela manhã de céu limpo e ar leve, devido à chuva torrencial da noite anterior, saí a caminhar com o sol ainda escondido para tomar tenência dos primeiros movimentos da vida na roça. Num demorou nem um tiquinho e o cheiro intenso do café passado por Dona Linda me invadiu as narinas e fez a fome se acordar daquela rema letárgica derivada da longa noite de sono. Levei as mãos até a água que corria pela bica feita de bambu e o contato gelado foi de arrepiar. Mas fui em frente e levei as mãos em concha até o rosto. Com o impacto, recuei e me faltou o fôlego por alguns instantes, mas o despertar foi imediato. Já aceso, entrei na cozinha na buscação de derrubar a fome e me acercar do aconchego do calor do fogão à lenha. ) uma senhora acompanhada de um garoto aparentando uns cinco anos de idade já aboletada na ponta da mesa em proseio íntimo com a dona da casa. Depois de um pipocavam por seu corpo, provocando pequenas pústulas de bordas avermelhadas. GUIÃO, M. Disponível em: www.revistaecologico.com.br. Acesso em: 10 mar. 2014 (adaptado). A variedade linguística da narrativa é adequada à descrição dos fatos. Por isso, a escolha de determinadas palavras e expressões usadas no texto está a serviço da A B composição da verossimilhança do ambiente retratado.
C restrição do papel do narrador à observação das cenas relatadas. D construção mística das personagens femininas pelo autor do texto. E caracterização das preferências linguísticas da personagem masculina.
] QUESTÃO 33 Zé Araújo começou a cantar num tom triste, dizendo aos curiosos que começaram a chegar que uma mulher tinha se ajoelhado aos pés da santa cruz e jurado em nome de Jesus um grande amor, mas jurou e não cumpriu, você pecou, o coração tem razões que a própria razão desconhece, faz promessas e juras, depois esquece. O caboclo estava triste e inspirado. Depois dessa canção que arrepiou os cabelos da Neusa, emendou com uma valsa mais arretada ainda, cheia de palavras difíceis, mas bonita que só a gota serena. Era a história de uma boneca encantadora vista numa vitrine de cristal sobre o soberbo pedestal. Zé Araújo fechava os olhos e soltava a voz: Seus cabelos tinham a cor/ Do sol a irradiar/ Fulvos raios de amor./ Seus olhos eram circúnvagos/ Do romantismo azul dos lagos/ Mãos liriais, uns braços divinais,/ Um corpo alvo sem par/ E os pés Vênus. CASTRO, N. L. As pelejas deSão Paulo: Arx, 2006 (adaptado). O comentário do narrador do romance “[...] emendou com uma valsa mais arretada ainda, cheia de palavras difíceis, mas bonita que só a gota serena” relaciona-se ao fato de que essa valsa é representativa de uma variedade linguística A detentora de grande prestígio social. B
C previsível para o contexto social da narrativa. D constituída de construções sintáticas complexas. E valorizadora do conteúdo em detrimento da forma.
QUESTÃO 34 A lavadeira começou a viver como uma serviçal que impõe respeito e não mais como escrava. Mas essa regalia súbita foi efêmera. Meus irmãos, nos frequentes deslizes que adulteravam este novo relacionamento, eram dardejados pelo olhar severo de Emilie; eles nunca suportaram de bom grado que uma índia passasse a comer na mesa da sala, usando os mesmos talheres e pratos, e comprimindo com os lábios o mesmo cristal dos copos e a mesma porcelana das xícaras de café. Uma espécie de asco e repulsa tingia-lhes o rosto, já não comiam com a mesma saciedade e recusavam-se a elogiar os pastéis de picadinho de carneiro, os folheados de nata e tâmara, e o arroz com amêndoas, dourado, exalando um cheiro de cebola tostada. Aquela mulher, sentada e muda, com o rosto rastreado de rugas, era capaz de tirar o sabor e o odor dos alimentos e de suprimir a voz e o gesto como se o seu silêncio ou a sua presença que era só silêncio impedisse o outro de viver. HATOUM, M. Relato de um certo Oriente. São Paulo: Cia. das Letras, 2000. Ao apresentar uma situação de tensão em família, o narrador destila, nesse fragmento, uma percepção das relações humanas e sociais demarcada pelo A predomínio dos estigmas de classe e de raça sobre a intimidade da convivência. B discurso da manutenção de uma ética doméstica contra a subversão dos valores. C desejo de superação do passado de escassez em prol do presente de abastança. D sentimento de insubordinação à autoridade representada pela matriarca da família. E rancor com a ingratidão e a hipocrisia geradas pelas mudanças nas regras da casa. *
- 1º dia | Caderno 2 - AMARELO - Página 15 QUESTÃO 35. Acesso em: 15 maio 2017 (adaptado). Campanhas publicitárias podem evidenciar problemas A alertar os homens agressores sobre as consequências de seus atos. B conscientizar a população sobre a necessidade de denunciar a violência doméstica. C instruir as mulheres sobre o que fazer em casos de agressão. D despertar nas crianças a capacidade de reconhecer atos de violência doméstica. E exigir das autoridades ações preventivas contra a violência doméstica.
QUESTÃO 36
TEXTO I Fundamentam-se as regras da Gramática Normativa nas obras dos grandes escritores, em cuja linguagem as classes ilustradas põem o seu ideal de perfeição, porque nela é que se espelha o que o uso idiomático estabilizou e consagrou. LIMA, C. H. R. Gramática normativa da língua portuguesa. Rio de Janeiro: José Olympio, 1989. TEXTO II Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar. As palavras são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sensualidades incorporadas. Talvez porque a sensualidade real não tem para mim interesse de nenhuma espécie — nem sequer mental ou de sonho —, transmudou-se-me o desejo para aquilo que em mim cria ritmos verbais, ou os escuta de outros. Estremeço se dizem bem. Tal página de Fialho, tal página de Chateaubriand, fazem formigar toda a minha vida em todas as veias, fazem-me raivar tremulamente quieto de um prazer inatingível que estou tendo. Tal página, até, de Vieira, na sua fria perfeição de engenharia sintáctica, me faz tremer como um ramo ao vento, num delírio passivo de coisa movida. PESSOA, F. O livro do desassossego. São Paulo: Brasiliense, 1986. A linguagem cumpre diferentes funções no processo de comunicação. A função que predomina nos textos I e II A destaca o “como” se elabora a mensagem, considerando-se a seleção, combinação e sonoridade do texto. B coloca o foco no “com o quê” se constrói a mensagem, sendo o código utilizado o seu próprio objeto. C focaliza o “quem” produz a mensagem, mostrando seu posicionamento e suas impressões pessoais. D orienta-se no “para quem” se dirige a mensagem, estimulando a mudança de seu comportamento. E enfatiza sobre “o quê” versa a mensagem, apresentada com palavras precisas e objetivas.
QUESTÃO 37 Contra narciso em mim eu vejo o outro e outro e outro
trens passando vagões cheios de gente centenas o outro que há em mim é você você e você assim como eu estou em você eu estou nele em nós e só quando estamos em nós estamos em paz mesmo que estejamos a sós /(0,16., 3 Toda poesia. São Paulo: Cia. das Letras, 2013. A busca pela identidade constitui uma faceta da tradição literária, redimensionada pelo olhar contemporâneo. No poema, essa nova dimensão revela a A ausência de traços identitários. B angústia com a solidão em público. C valorização da descoberta do “eu” autêntico. D percepção da empatia como fator de autoconhecimento. E impossibilidade de vivenciar experiências de pertencimento. *
* LC - 1º dia | Caderno 2 - AMARELO - Página 16 QUESTÃO 38 O homem disse, Está a chover, e depois, Quem é você, Não sou daqui, Anda à procura de comida, Sim, há quatro dias que não comemos, E como sabe que são quatro dias, É um cálculo, Está sozinha, Estou com o meu marido e uns Só estamos de passagem, Donde vêm, Estivemos internados desde que a cegueira começou, Ah, sim, a quarentena, não serviu de nada, Por que diz isso, Deixaram-nos sair, Houve um incêndio e nesse momento percebemos que os soldados que nos vigiavam tinham desaparecido, E saíram, Sim, Os vossos soldados devem ter sido dos últimos a cegar, toda a gente está cega, Toda a gente, a cidade toda, o país, SARAMAGO, J. Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Cia. das Letras, 1995. A cena retrata as experiências das personagens em um país atingido por uma epidemia. No diálogo, a violação de determinadas regras de pontuação A revela uma incompatibilidade entre o sistema de pontuação convencional e a produção do gênero romance. B provoca uma leitura equivocada das frases interrogativas e prejudica a verossimilhança. C singulariza o estilo do autor e auxilia na representação do ambiente caótico. D representa uma exceção às regras do sistema de pontuação canônica. E colabora para a construção da identidade do narrador pouco escolarizado. QUESTÃO 39 TEXTO I TEXTO II No verão de 1954, o artista Robert Rauschenberg (n.1925) criou o termo combine para se referir a suas novas obras que possuíam aspectos tanto da pintura como da escultura. Em 1958, Cama foi selecionada para ser incluída em uma exposição de jovens artistas americanos e italianos no Festival dos Dois Mundos em Spoleto, na Itália. Os responsáveis pelo festival, entretanto, se recusaram a expor a obra e a removeram para um depósito. Embora o mundo da arte debatesse a inovação de se pendurar uma cama numa parede, Rauschenberg considerava sua obra “um dos quadros mais acolhedores que já pintei, mas sempre tive medo de que alguém . Cama. Óleo e lápis em travesseiro, colcha e folha em suporte de madeira. 191,1 x 80 x 20,3 cm. Museu de Arte Moderna de Nova York, 1995. Disponível em: www.moma.org. Acesso em: 8 jun. 2017. DEMPSEY, A. Estilos, escolas e movimentos: guia enciclopédico da arte moderna. São Paulo: Cosac & Naify, 2003. artístico que se caracterizava pela A dissolução das tonalidades e dos contornos, revelando uma produção rápida. B exploração insólita de elementos do cotidiano, dialogando com os ready-mades. C D incorporação das transformações tecnológicas, valorizando o dinamismo da vida moderna. E
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