quinta-feira, 28 de junho de 2018

Cleópatra

Cleópatra, rainha do Egito de 51-30 aC, era filha de Ptolomeu XII Auletes.
Falava seis idiomas, era uma política admirável e soube usar sua sedução para garantir uma posição favorável ao Egito dentro da crescente influência de Roma.
Cleópatra

Rainha do Egito

Conforme o estipulado por seu pai reinou junto ao irmão e depois se casou com ele, prática comum desta dinastia. Por causa dos conflitos que surgem entre a jovem rainha e os partidários do irmão, Cleópatra pede ajuda a Roma para tentar transformar a invasão romana numa aliança favorável ao Egito.
Assim torna-se amante de Júlio César e, posteriormente, mãe do seu filho. César arrisca sua posição, mas defende os direitos de Cleópatra ao trono. Sufoca a rebelião em Alexandria e faz dela a única rainha do Egito.
Em seguida, Cleópatra se reúne com Júlio César em Roma, mas ali não é bem recebida devido às intrigas, especialmente daqueles que desejavam matá-lo. Após o assassinato de Júlio César, volta ao Egito com o filho.
Saiba mais sobre a Civilização Egípicia.

Relações com Marco Antônio

Em Roma, o Segundo Triunvirato formado por Marco Antônio, Otávio e Lépido, planeja a expansão dos domínios romanos para o Oriente.
Por isso, Marco Antônio convoca Cleópatra para um encontro na cidade de Cilícia. A rainha foi numa embarcação adornada de ouro e prata a fim mostrar toda riqueza e poder egípcio. Marco Antônio se apaixona por ela, mas deve voltar a Roma para casar-se com Otávia.
Apesar de ter dado a luz a gêmeos, Alexandre e Cleópatra, a rainha encontrou-se isolada, após a volta de Marco Antônio. Em 37 aC, a pedido de Antônio, empreendeu uma expedição contra os Partos e os dois se juntam em Antioquia. O terceiro filho, Ptolomeu Filadélfio, nasceu no ano seguinte, mas a guerra contra os Partos termina em derrota e Otávio usa este fato para instigar os romanos contra Marco Antônio.
Marco Antônio ainda faz de Cleópatra rainha da Síria, Cilícia, Chipre e Arábia. Isto provoca a ira de Otávio que declara guerra a Cleópatra.
À frente de uma frota poderosa, Marco Antônio é derrotado por Otávio e o general Agripa. Marco Antônio consegue chegar às costas de Alexandria e acredita que foi abandonado por Cleópatra. Desta maneira, comete suicídio com sua espada. Por sua vez, ao saber desta atitude, Cleópatra prefere seguir o amante e mata-se também, deixando-se picar por uma cobra.

Mito no Ocidente

Cleópatra entrou no imaginário ocidental como sinônimo de beleza e sedução. O fato de ter conquistado a dois homens poderosos do seu tempo contribuiu para a construção desta lenda.
As pinturas históricas do século XIX e também os filmes realizados no seculo XX reforçaram esta imagem que privilegiam seus atributos físicos em detrimento da sua inteligência.
Cleópatra
A morte de Cleópatra inspirou artistas como Hans Makart.

Biografia

Cleópatra é o nome sete rainhas do Egito. A mais conhecida foi Cleópatra VII (Alexandria 69 aC a 30 aC -Alexandria), rainha de 51-30 aC, durante a conquista romana.
Filha de Ptolomeu XII, Cleópatra foi a primeira rainha grega a falar egípcio, adotar certas crenças faraônicas e queria devolver ao Egito seu antigo esplendor.
Subiu ao trono aos 18 anos e enfrentou uma guerra contra o irmão.
Posteriormente, foi amante de Júlio César, que lhe garantiu o trono do Egito. Em seguida, se relacionou com Marco Antônio. De ambos teve filhos que estavam destinados a serem soberanos.
Com a derrota de Marco Antônio pelas tropas de Otávio Augusto, o primeiro comete suicídio. Para não se tornar um brinquedo nas mãos do novo conquistador, Cleópatra também se mata, deixando-se morder por uma serpente.

Filmes

  • César e Cleópatra. Direção: Gabriel Pascal. Ano: 1945.
  • Cleópatra. Direção:Joseph L. Mankiewicz. Ano: 1963.

Miquerinos

Miquerinos
Morte2503 a.C.
ProgenitoresPai:Khaf-re
Filho(s)Chepseskaf
Ocupaçãoestadista
Menkauré e Khamerernebti II.
MiquerinosMenkauré em egípcio antigo, foi um rei da IV dinastia egípcia. Menkauré significa "estáveis são os kau de Ré" (sendo kauo plural de ka, elemento constituinte do ser humano na mentalidade egípcia).
Era filho de Quéfren, o rei da segunda pirâmide de Guiza, e da rainha Khamerernebti I. Foi casado com a sua irmã Khamerernebti II, tendo tido mais duas esposas. Miquerinos teve pelo menos dois filhos do sexo masculino: um faleceu e o outro, Chepseskaf, foi o seu sucessor.
Manetão, que o chama Mencheres, atribui-lhe um reinado de sessenta e três anos, algo considerado inverosímil pelos investigadores modernos. No Papiro Real de Turim o número que informa sobre este aspecto é de leitura difícil, desconhecendo-se se é 18 ou 28. O egiptólogo alemão Jürgen von Beckerath situa o seu reinado entre 2514 e 2486 a.C., enquanto que Jaromir Malek entre 2488 e 2460 a.C..
Desconhecem-se muitos pormenores relativos ao reinado de Miquerinos. Heródoto descreve-o como um rei "pio" e justo, que mandou reabrir os santuários. Esta descrição do historiador grego baseia-se em relatos populares de credibilidade duvidosa.
Ao nível das representações artísticas, conhecem-se várias estátuas do soberano. Numa estátua que se encontra hoje em dia no Museum of Fine Arts de Boston surge com a sua esposa, que o abraça carinhosamente. Está igualmente representado em várias estátuas junto a duas mulheres, a deusa Hator e a personificação de um nomo, formando uma tríade. Estas estátuas (em xisto) foram encontradas no templo do vale de Miquerinos, escavado por George Reisner entre 1905 e 1927.
A sua pirâmide em Guiza (Gizé) é menor que a de Quéops e Quéfren. Contudo, foi revestida, até um terço da sua altura, com um material mais nobre, o granito de Assuão. O seu túmulo foi restaurado na época da XXVI dinastia. No seu interior foi encontrado na época moderna um sarcófago que foi enviado para Londres, mas o barco que o transportava acabou por naufragar ao largo da costa de Portugal.
Precedido por
Bauef-re
Faraó
IV dinastia egípcia
Sucedido por
Chepseskaf


Quéfren

Quéfren
NascimentoSéculo XXVI a.C.
Morte2479 a.C.
CidadaniaAntigo Egito
ProgenitoresPai:Khufu
Filho(s)MenkauréKhamerernebti II
Ocupaçãosoberano
Quéfren (em egípcio antigo: Khaf-re) foi um faraó egípcio da quarta dinastia. Ele construiu a segunda maior das pirâmides de Gizé, a Pirâmide de Quéfren e um templo, que é o único exemplo de templo remanescente do período do Antigo Egito. Seu nome, Khaf-Re, significa "da coroa de " para alguns tradutores e "suba Rá" para outros; o significado mais provável é o primeiro, por os hieróglifos representando seu nome possuem tal coroa.
Quéfren em hieróglifos:
←raxa
a
f→

Precedido por
Djedef-re
Faraó
IV dinastia egípcia
Sucedido por
Bauef-re

Seneferu



Seneferu
Snefru
Seneferu, Museu Egípcio
Seneferu, Museu Egípcio
Faraó do Egito
Reinado24,30 ou 48 anos por volta de 2600 a.C.,  (IV Dinastia)
PredecessorHuni
SucessorQuéops
Esposa(s)Hetepherés I
FilhosQuéopsAnkhhafKaneferNefermaatNetjeraperefRahotepRaneferIynefer IHetepherés INefertkau INefertnesuMeritites IHenutsen
PaiHuni
MãeMeresankh I
TumbaPirâmide Vermelha?
MonumentosPirâmide de MeidumPirâmide Curvada, Pirâmide Vermelha
Seneferu ou Snefru foi o primeiro faraó da IV Dinastia do Antigo Egito (ou foi um faraó da III Dinastia).[1] Reinou entre 2630 a.C. e 2609 a.C. ou 2613 e 2589, conforme a cronologia estabelecida pelos diversos investigadores.

Vida e reinado[editar | editar código-fonte]

Seneferu era filho do rei Huni e de Meresankh I, uma concubina ou esposa secundária que não seria de sangue real. Casou com Hetepherés I, provavelmente a sua meia-irmã, que seria filha de Huni com a sua esposa principal; desta forma o casamento com a meia-irmã teria como objectivo legitimá-lo como rei.
Um dos filhos de Seneferu e Hetepherés I foi Quéops, mais conhecido em português como Quéops, seu sucessor e monarca associado à grande pirâmide de Guiza (Gizé). Com outras esposas teve outros filhos e filhas, como AnkhhafNefermaet e Kanefer, dois filhos que se seriam tjatis.
Durante seu reinado, hordas asiáticas invadiram o Delta, que ele defendeu construindo vários fortes na fronteira; estas construções foram lembradas e associadas ao seu nome por dez séculos.[1] Ele também teve problemas com as minas de cobre do Sinai, e, ao retomar seu controle, fez com que seu espírito fosse adorado pelas gerações seguintes como o deus protetor das minas.[1]
Seneferu ordenou uma campanha militar na Núbia, a respeito das quais as inscrições egípcias falam de milhares de prisioneiros.[1]Há razões para duvidar da historicidade destes relatos; estas intervenções teriam tido como objectivo essencial manter a ordem e impedir ataques ao Egipto por partes daqueles povos.
Em contrapartida, as expedições comerciais foram inúmeras. O rei ordenou expedições para explorar as minas de turquesa de Uadi Maghara no Sinai. Ele construiu uma frota de navios, e comerciou com Creta e a costa da Síria, trazendo do Líbano o seu famoso cedro.[1]
O rei notabilizou-se pela sua grande actividade arquitectónica. Durante o seu reinado surgiu pela primeira vez a pirâmide lisa no Egipto. A Seneferu estão associadas duas pirâmides, a maior das quais em Meidum.[1]
A pirâmide de Meidum foi provavelmente começada no reinado do seu antecessor. Quando a corte se mudou para Dahchur no ano 15 do reinado de Seneferu, o monarca ordenou a construção de uma pirâmide, conhecida hoje em dia como "romboidal", com arestas arqueadas que mudam de ângulo a meio da estrutura. Não se sabe se a arquitectura da pirâmide seria propositada ou um erro de construção.
A outra pirâmides em Dahchur é conhecida como a Pirâmide Vermelha. É considerada como a primeira verdadeira pirâmide construída no Egipto. Também está associada a este rei uma pequena pirâmide em degraus em Seila[2].
Foi durante o seu reinado que a arte egípcia adquiriu os padrões que a caracterizariam. O túmulo da sua esposa Hetepheres[3] é revelador do requinte das artes neste período. Situado perto da grande pirâmide de Guiza (Gizé), encontrou-se nele um quarto de dormir com uma cama com pés em forma de patas de leão e uma grande cadeira com decoração com motivos vegetais.
Durante seu reinado, o faraó deixou de se preocupar com todos os detalhes do governo, havia um "grão-vizir", controlando os departamentos de Estado, e vários outros oficiais, além dos governadores das cidades.[1]
Ele foi sucedido por Quéops, mas a relação entre Seneferu e Quéops tida por alguns como desconhecida, Seneferu não teria deixado descendentes e Quéops já era uma figura importante na corte, mas em mackenzie Quéops é chamado de filho de Sneferu.[1]
O Papiro de Westcar também relata Seneferu como pai de Quéops: Então Baufre levantou-se e disse: Ouça, Vossa Majestade, uma maravilha que aconteceu no tempo de seu pai, o faraó Seneferu, justificado, realizada pelo chefe dos sacerdotes-leitores e escriba dos livros Djadjaemankh. . De acordo com o referido papiro, a frase foi dirigida por Baufre ao Faraó Quéops, o que corrobora a ligação de Quéops (Queops) como realmente filho de Seneferu e não meramente seu sucessor no trono.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Templo de Kukulcán

Templo de Kukulcán

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Templo de Kukulcán
Templo de Kukulkán ou Pirâmide de Kukulkán, ou incluso «El Castillo»[1] foi construído no século XII d. C., pelos maias itzáes na antiga cidade de Chichén Itzá, no território pertencente ao estado mexicano do Yucatã.
É uma das principais estruturas do lugar.[2]
Seu desenho tem uma forma geométrica piramidal, conta com nove níveis ou patamares, quatro fachadas principais cada uma com uma escadaria central e um patamar superior terminado por um templo. Nesta construção rendeu culto ao deus maia Kukulcán ("Serpente Emplumada" na língua maia). Conta também com motivos que simbolizam os números mais importantes utilizados no calendário Haab (calendário solar agrícola), o calendário Tzolkin (calendário sagrado) e a roda calendárica. Cada uma das suas faces alinham-se com um dos pontos cardeais, e os 52 painéis esculpidos nas paredes referem-se aos 52 anos do ciclo de destruição e reconstrução do mundo de acordo com os maias.
Em 1988, a (UNESCO) declarou a cidade maia de Chichén Itzá como Patrimônio da Humanidade.[3]

Dimensões[editar | editar código-fonte]

Tamanho comparativo do templo de Kukulcán com a pirâmide do Sol de Teotihuacán e a pirâmide de Quéops.
Em comparação com a pirâmide de Quéops no Egito, ou mesmo à pirâmide do Sol de Teotihuacán, as dimensões da pirâmide de Kukulcán são pequenas,[4] mesmo a pirâmide de Tikal (69,7 m) é mais alta. Salienta pelas suas características arquitetônicas, os seus simbolismos calendáricos e astronômicos.[5]

Interior da pirâmide[editar | editar código-fonte]

Chac Mool na sala das oferendas ao interior do templo de Kukulcán.
Escultura do jaguar (balam) na câmara de sacrifícios no interior do templo de Kukulcán.
Em 1566 a pirâmide foi descrita por frei Diego de Landa no manuscrito conhecido como Relación de las cosas de Yucatán; cerca de três séculos mais tarde John Lloyd Stephens descreveu os pormenores da arquitetura da pirâmide no seu livro Incidentes del viaje a Yucatán, publicado em 1843. Nessa época o sítio arqueológico de Chichén Itzá encontrava-se numa fazenda que tinha o mesmo nome, e era propriedade de Juan Sosa.[6] O livro, decorado com litografias de Frederick Catherwood, mostra a pirâmide coberta de abundante mato pelas suas quatro faces. Existem fotografias tomadas a princípios do século XX onde aparece a pirâmide coberta ainda parcialmente de mato.
O Instituto Carnegie de Washington solicitou em 1924 licença ao governo mexicano para realizar explorações e reconstruções na zona de Chichén Itzá. Em 1927, com a assistência de arqueólogos mexicanos, começaram os trabalhos. Em Abril de 1931 procurando a confirmação da hipótese de a estrutura da pirâmide de Kukulcán se encontrar construída sobre outra pirâmide mais antiga, iniciaram-se os trabalhos de escavação e exploração, em que pese à reticência geral da época. A 7 de Junho de 1932 foi encontrada uma caixa com objetos de coral e obsidiana e incrustações de turquesa a um lado de restos humanos, os objetos exibem-se no Museu Nacional de Antropologia da Cidade do México.
Após longos trabalhos, em Abril de 1935 foi encontrada no interior da pirâmide uma figura de Chac Mool com incrustações de conchade nácar nas suas unhas, dentes e olhos; o recinto onde se realizou o achado foi batizado como "sala das oferendas ou câmara norte". A poucos metros, e após mais de um ano de escavações, em Agosto de 1936 foi descoberto um segundo recinto, o qual foi batizado como "câmara de sacrifícios", dentro do qual se encontraram duas fileiras de canelas humanas embutidas paralelamente ao fundo da câmara, e a escultura de um jaguar (Onça-pintada) de cor vermelha com 74 incrustações de jade que simulam no corpo as manchas características da espécie; os olhos são simulados com médias-luas da mesma pedra e os colmilhos e dentes em pederneira pintados de branco. No lombo encontrava-se um disco de turquesas, o qual aparentemente servia para queimar copal; ambas as figuras têm a sua vista dirigida ao NNE (nor-nordeste). Como conclusão foi determinada a existência de uma pirâmide de medidas aproximadas de 33 metros de largura, de igual forma à exterior, com 9 embasamentos e uma altura de 17 m até o patamar do templo superior onde se encontraram o Chac Mool e o jaguar, estima-se que esta construção corresponde ao século XI d.C. Concluídos os trabalhos foi construída uma porta de acesso na balaustrada da escadaria exterior da fachada NNE para facilitar o acesso aos turistas. A pirâmide interior mais antiga é referida como "subestrutura".[7][8]

Simbolismos calendáricos[editar | editar código-fonte]

Fachada NNE nor-nordeste, podem observar-se os 9 embasamentos, e grande parte dos painéis em baixo-relevo. Na parte superior do templo do topo pode ver-se a única das 20 ameias que enfeitavam o teto, durante as cerimônias os maias itzáescostumavam colocar 20 bandeiras de canetas. No inferior da escadaria central observam-se duas cabeças de serpente emplumadas enfeitando o começo ou final dos balaustres.
Templo de Kukulcán, principal estrutura de Chichén Itzá demonstra os profundos conhecimentos de matemáticasgeometriaacústica e astronomia que os maias possuíam. Ao ser uma sociedade inicialmente agrícola, os maias observaram detalhadamente o comportamento das estações, as variações das trajetórias do Sol e as estrelas, e combinando os seus conhecimentos, tê-los-iam registrado na construção do templo dedicado ao seu deus Kukulcán.
Assim como as culturas mesoamericanas, a civilização maia utilizou um calendário agrícola solar ao que chamavam Haab, que conta com 18 meses ou uinais, cada uinal tem 20 dias ou kines. Desta forma o calendário compreende 18 x 20=360 dias regulares ou kines, mais cinco dias adicionais, considerados como nefastos, chamados uayeb.
O templo de Kukulcán conta com quatro escadarias, cada uma delas tem 91 degraus, desta forma somam 364, que somadas ao patamar do topo, comum às quatro escadas, dá um total 365 unidades que representam os dias do Haab.
O segundo calendário utilizado pelos maias, chamado Tzolkin ou calendário sagrado, consta de 13 meses e cada mês tem 20 dias, de tal forma que este conta com 260 dias.[9] Os ciclos do Tzolkin e o Haab foram fusionados numa roda calendárica de tal sorte que a combinações de ambos repetem-se cada 18.980 dias (mínimo múltiplo comum de 260 e 365)[10] equivalentes a 52 anos, o que quer dizer que cada 52 ciclos do calendário Haab começa a repetir-se a combinação de ambos os calendários.
Os números 18 (uinais), 20 (kines), 5 (uayeb), 52 (ciclos), podem decifrar-se de maneira mais complexa na pirâmide de Kukulcán. O templo tem 9 patamares ou níveis, se se observa de jeito frontal quaisquer das fachadas, ao ter ao centro da vista a escadaria, pode-se multiplicar o número de embasamentos x 2, dando como resultado o número 18, correspondendo assim aos 18 uinais do Haab. No templo superior da pirâmide havia 5 adornos ou ameias em cada fachada, assim, tinha 20 ameias que representam os 20 dias ou kinesde cada uinal. Em cada fachada, em cada patamar encontram-se painéis em baixo-relevo, no patamar mais alto são apenas dois painéis, e os outros oito contam com três painéis, de tal forma que 3 x 8=24 + 2=26 painéis, que somados aos outros 26 painéis do lado oposto da escadaria dão um total de painéis por fachada de 52, ou seja, representam os 52 ciclos do Haab na roda calendárica. Como ornamentação o edifício tem 260 quadrângulos que coincidem com o número de dias do calendário Tzolkin.[11]
Assim, e de acordo com calendários utilizados pelos maias, pode-se deduzir que a pirâmide não somente está dedicada ao deus Kukulcán, mas também observa a conta do tempo dando particular relevância aos seus ciclos.

Acústica em escadaria[editar | editar código-fonte]

No final do século XX o turismo em Chichén Itzá incrementou-se e foi quando acidentalmente os guias descobriram um efeito acústico que ocorre na escadaria NNE da pirâmide. Se uma pessoa aplaude de jeito frontal à escadaria, o som do aplauso causa um eco distorcido, provocando um chio semelhante ao canto de um Quetzal.
Tecnicamente, isto é devido às interferências das ondas de reflexão do som ao chocar com os degraus inferiores e superiores da escadaria, e chegar primeiro aos mais próximos é dizer os inferiores, e uma fração de milissegundo depois aos superiores. Apenas os sons de baixa frequência como o aplauso produzem esse efeito.[12]

Descenso de Kukulcán nos equinócios[editar | editar código-fonte]

Órbita da Terra ao redor do Sol e movimento aparente do mesmo ao longo da eclíptica.
Iluminação da Terra pelo Sol durante os equinócios. O dia tem a mesma duração que a noite.
Fachada ONO, na imagem sinalam-se os triângulos que formam os embasamentos e que permitem o passo da luz projetando-se na balaustrada da escadaria.
Formação de sete triângulos isósceles de luz na escada NNE simulando o corpo de uma serpente durante os entardeceres equinociais, os raios de luz penetram pela esquina norte dos embasamentos da fachada ONO.
Se durante um ano e desde um ponto fixo se contemplar o amanhecer no horizonte, pode ser observado o sol aparecendo em diferentes posições ao longo do mesmo e a sua trajetória no céu vai mudando. Isto é devido aos próprios movimentos da Terra, de rotação sobre o seu eixo e translação ao redor do sol, bem como a variante da sua eclíptica, e a inclinação do eixo terrestre.
Referindo ao hemisfério norte do planeta, durante um ano o sol parece colocar-se na linha do horizonte num ponto mais austral durante o solstício de Inverno (Dezembro), passando por um ponto intermédio durante o equinócio de Primavera (Março) e chegando a um ponto mais setentrional durante o solstício de Verão (Julho), para regressar novamente ao ponto intermédio durante o equinócio de Outono (Setembro) e reiniciar o ciclo novamente.
Este movimento aparente tem uma variação adicional se nos transladarmos a diferentes latitudes do planeta. Os maias poderiam ter construído assim a pirâmide de Kukulcán levando em conta todas estas variáveis e, além das considerações arquitetônicas, orientariam a fachada NNE com uma inclinação aproximada de 20° com referência ao norte geográfico.
Ao entardecer dos equinócios da Primavera e do Outono, observa-se na escadaria NNE da pirâmide de Kukulcán uma projeção solar serpentina, consistente em sete triângulos isósceles de luz invertidos, como resultado da sombra que projetam as nove plataformas desse edifício durante o pôr do sol. Em Chichén Itzá o fenômeno vê-se em todo o seu esplendor e a imagem da serpente de triângulos de luz e sombra é projetada ao balaustre NNE; com o passar do tempo, parece descer do templo uma serpente e o último reduto de luz projeta-se na cabeça da serpente emplumada que se encontra na base da escadaria. Este fenômeno ocorre em Março e Setembro, e pode ser observado aproximadamente durante um período de cinco dias nas datas mais próximas aos equinócios, a duração do efeito começa aproximadamente 3 horas antes do ocaso, a princípio destas horas pode-se ver na balaustrada uma forma de luz ondulada que pouco a pouco se vai cerrando para formar 7 triângulos isósceles, os quais só podem ver-se durante 10 minutos, depois começam a desaparecer paulatinamente. Os maias realizavam uma série de preparações durante quatro dias e o quinto era motivo de grande celebração. Aparentemente era na língua da serpente onde se colocavam diversas oferendas ao deus Kukulcán.
Na zona arqueológica de Mayapán, existe uma pirâmide de menores dimensões, mais de iguais proporções e dedicada também a Kukulcán. A projeção ondulada do corpo da serpente também pode ser observada no ocaso dos equinócios, porém não é tão espetaculoso devido ao deterioro da própria estrutura.
Em 1566Diego de Landa descreveu que os maias celebravam no dia 16 do mês Jul,[13] a ida de Kukulcán a quem tinham como um deus, a celebração era realizada em todo o mundo maia até à destruição de Mayapán, depois somente os tutul xius a realizavam na sua capital Maní, após manterem jejum e abstinência, os sacerdotes reunidos iam para o templo de Kukulcán, onde passavam cinco dias e noites em oração realizando alguns bailes devotos:
Devido a que as fachadas SSO e ESE se encontram deterioradas, não se observa nenhum fenômeno de luz e sombra nos amanheceres equinociais, porém é provável que se fossem restauradas as escadarias e as balaustradas, poder-se-ia apreciar um efeito que evocasse a ascensão do corpo da serpente à pirâmide pela escadaria da fachada SSO.

Kukulcán, Quetzalcóatl, Gucumatz, Coo Dzavui[editar | editar código-fonte]

Crotalus durissus serpente de cascavel (tsáab kaan) com triângulos no seu corpo.
Cabeça de serpente emplumada terminando a escadaria da pirâmide.
No fim do Período Clássico mesoamericano foi registrada uma influência arquitetônica, cultural e religiosa na zona maia, a qual se adjudicou aos toltecas do planalto mexicano. É por isso que se encontram similaridades entre a deidade Quetzalcóatl (em náhuatl Quetzalcōātl, serpente emplumada) e a deidade maia Kukulcán (em língua maia k'u uk'um e kaan, "caneta e serpente").
No Popol Vuh a deidade é referida como Gucumatz (em língua quiché Q'uk'umatz, "serpente emplumada") quem com Tepew são considerados os deuses formadores do universo.[15] Foi conhecido pelos mixtecas como Nove Vento (em mixteco Coo Dzavui, "serpente de chuva"). De acordo com as descrições de Diego de Landa, o deus fora especialmente venerado em várias cidades do noroeste da península de Iucatã, entre elas destacam-se Chichén ItzáMayapán e Maní.
Em muitas partes da decoração arquitetônica de colunas e dintéis de Chichén Itzá, encontram-se alusões ao corpo da serpente, no próprio "Templo de Kukulcán", no "Templo dos Jaguares", no "Templo dos Guerreiros", no "Jogo de Bola", na "Plataforma das Águias e os Jaguares". A classe do réptil parece ser Crotalus durissus conhecida como "serpente de cascavel" devido à forma da cabeça das esculturas, aos relevos que detalham serpentes com cascavel em outros edifícios da cidade, e aos triângulos de luz que se formam nos dias equinociais, os quais evocam os triângulos que se formam na pele do corpo da espécie.
É destacável o decorado da língua das serpentes que se encontram no remate da escadaria. A língua tem semicírculos que fazem alusão à trajetória diária do Sol no céu. Na vista de perfil das cabeças, junto à comissura da boca apreciam-se espirais que evocam a um caracol, o traçado pode interpretar-se como uma alusão ao período cíclico do movimento do Sol no horizonte. Na parte superior das pálpebras da serpente também se pode apreciar o símbolo de Sol.
Adicionalmente à projeção do corpo imaginário da serpente (kaan) descendo pelo balaustre da escadaria, os maias colocavam bandeiras de canetas (k'u uk'um) nas ameias do templo superior durante as festividades equinociais.[16]

Solstício de Verão[editar | editar código-fonte]

Iluminação durante o solstício de Junho (Verão no hemisfério norte).
Iluminação da Terra pelo Sol no solstíciode Junho.
Fachada iluminada (NNE) e fachada em sombra (ONO).
Iluminação durante o solstício de Dezembro (Inverno no hemisfério norte).
Iluminação da Terra pelo Sol no solstíciode Dezembro.
Trajetórias solares em solstícios e equinócios.
Desde a última década do século XX, os arqueólogos começaram a observar os fenômenos de luz e sombra que ocorrem nos solstícios de Verão e Inverno, mas só até Junho de 2007 realizaram-se estudos minuciosos do tema. Astrônomos do Instituto Tecnológico de Mérida e investigadores do Instituto Nacional de Antropologia e História corroboraram que durante os primeiros minutos do amanhecer[18] do solstício de Junho (Verão hemisfério norte) e durante um período de 15 minutos, a pirâmide de Kukulcán é iluminada nas fachadas NNE e ESE pelos raios do sol, enquanto as fachadas ONO e SSO permanecem na obscuridade. Por outras palavras, cerca de 50% da pirâmide permanece iluminada e cerca de 50% permanece na obscuridade marcando com este simbolismo o momento exato do solstício.[19]
Este efeito de luz e sombra ocorre de jeito semelhante durante o solstício de Dezembro (Inverno no hemisfério norte), mas no entardecer as fachadas iluminadas são a ONO e SSO, enquanto as fachadas NNE e ESE permanecem na sombra. O fenômeno é devido à orientação de +/- 20° com referência a norte geográfico, e a latitude em onde se encontra situada a pirâmide.
O explorador John Lloyd Stephens em 1840 observou esta orientação dos edifícios. Devido a que não pôde observar os efeitos de luz e sombra, atribuiu um possível erro na construção dos mesmos; por outro lado as medidas referidas parecem ter certa variação com as reais.[20]
Para que a pirâmide de Mayapán, que foi construída com características semelhantes à de Chichén Itzá, possa mostrar os mesmos fenômenos de luz e sombra, a sua orientação teve de ter uma leve variação devido a não se encontrar na mesma coordenada de latitude que a de Chichén Itzá.
Desta forma, a construção da pirâmide parece ser um calendário arquitetônico que marca os solstícios e equinócios, datas importantes para os ciclos agrícolas. Quando a órbita da Lua se encontra na mesma posição equinocial de sol, também é possível ver no balaustre da escadaria NNE a figura projetada da serpente num espetáculo natural noturno.
Estes fenômenos de luz e sombra que se observam na pirâmide seriam testemunhos dos conhecimentos astronômicos da Civilização maia, na estrutura conhecida como o observatório, o caracol ou «edifício circular» também se registraram efeitos de luz e sombra durante os equinócios.[21] No Códice de Dresde pôde ser interpretado que os maias estudavam a trajetória orbital do planeta Vênus), ao qual lhe dedicaram uma pequena construção na cidade de Chichén Itzá.

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