O Expressionismo – Literatura Enem
Você conhece o poeta do “Eu e Outras Poesias”? Não? Então veja este post e conheça mais sobre o expressionista Augusto os Anjos. Revise Literatura Enem para gabaritar a prova de Linguagens!
Nesse post você conhecerá um pouco mais sobre Augusto dos Anjos, um dos poetas mais famosos do Brasil e que esteve na formação do nosso simbolismo. Revise o movimento do Expressionismo para interpretar melhor as questões de Linguagens do Enem.Quem foi Augusto dos Anjos (1884-1914)?
Nascido na Paraíba, Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos foi um poeta muitas vezes identificado por parnasiano ou simbolista. Contudo, por ter também características expressionistas (temas obscuros, a vida na grande cidade, estética do feio, o perverso, o deforme, o grotesco, o apocalíptico, o desolado, linguagem profética, de regeneração do ser humano) a sua obra pode ser identificada no contexto do pré-modernismo. Augusto dos Anjos é um poeta notavelmente original, ocupando um lugar a parte em nossa literatura.A dimensão cósmica, a angústia moral, o seu vocabulário e a acidez característica são os pontos fundamentais da sua obra. A sua poesia envolve a divulgação científica que dominou o fim do século XIX e que ele elaborou num verdadeiro sistema poético, marcado pela influência dos poetas simbolistas Charles Baudelaire, Cruz e Souza e do decadentista português Antero de Quental.
Ao idealismo egocentrista que circulava nos meios intelectuais da época, Augusto respondeu com as dimensões macro e micro cósmicas da matéria. Fascinado pelo evolucionismo científico de Herbert Spencer e Haeckel e pelo pessimismo de Arthur Schopenhauer, a sua poesia agarra a matéria pelas profundezes, buscando essas entranhas pelas palavras mais específicas, ousadas e esdrúxulas. Fazendo um apelo ao indizível, ao mórbido e desprezível, podre e deteriorado, naquilo que têm de fenômeno científico e existencial.
“Eu” (1912)
Augusto dos Anjos foi poeta de um só livro, “Eu”, cuja fortuna crítica extraordinária para uma obra poética, gerou também inúmeras reedições. Nessa obra, o “eu” é o espectador do processo que conduz à Morte e ao Nada, através de uma intransigente autodestruição, ele acompanha em agonia essa seqüência degenerativa cujo símbolo é o “verme”. Veja um exemplo de sua poesia:
O fragmento destacado mostra também a riqueza vocabular de Augusto dos Anjos, que trouxe à poesia os muitos termos médicos, presentes em seu livro, temos assim palavras como “Hidrópicos” (de hidropsia, um tipo de doença), “vísceras”, ‘inventário”, “musculares”, “intracefálica”. A sua matéria são os micróbios, a célula, o embrião, a ferida, a decomposição da carne, que ele liga à poemas ferozes e pessimistas. Já o título de alguns poemas mostra: ”Decadência”, “Eterna Mágoa”, “o Pântano”. Poeta áspero e crítico, fascinado pela “cadeia que liga o infinitamente pequeno ao infinitamente grande”, segundo um dos maiores críticos da literatura brasileira, Antônio Cândido*. No trabalho poético dessas realidades, Augusto gera reflexões filosóficos que se assemelham a mensagens apocalípticas:
A forma de sua poesia é majoritariamente metrificada, em sonetos de dez sílabas poéticas, ao modo dos simbolistas e parnasianos da época. Contudo, a estranheza dos e agressividade da sua poesia chocou parte da crítica da época, apesar de ter alcançado amplo sucesso popular.
Formado em Direito no Recife, dedicou-se ao magistério, tendo lecionado Português em vários colégios no Rio de Janeiro e em outros Estados. Faleceu em 12 de novembro de 1914, aos 30 anos, em Leopoldina, Minas Gerais, vítima de uma pneumonia.
Para aprender um pouco mais sobre o poeta Augusto dos Anjos, veja agora essa videoaula do canal Explicaê, com o professor André:
E também essa outra videoaula, do canal Pré-Calouro, com o professor João Batista:
Para praticar, tente fazer esses exercícios sobre o tema:
(UFSM-RS) Leia o soneto a seguir:
Psicologia de um vencido
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
Augusto dos Anjos, Eu, Rio de Janeiro, Livr. São José, 1965.
A partir desse soneto, é correto afirmar:
- Ao se definir como filho do carbono e do amoníaco, o eu lírico desce ao limite inferior da materialidade biológica pois, pensando em termos de átomos (carbono) e moléculas (amoníaco), que são estudados pela Química, constata-se uma dimensão onde não existe qualquer resquício de alma ou de espírito.
II. O amoníaco, no soneto, é uma metáfora de alma, pois, segundo o eu lírico, o homem é composto de corpo (carbono) e alma (amoníaco) e, no fim da vida, o corpo (orgânico) acaba, apodrece, enquanto a alma (inorgânica) mantém-se intacta.
III. O soneto principia descrevendo as origens da vida e termina descrevendo o destino final do ser humano; retrata o ciclo da vida e da morte, permeado de dor, de sofrimento e da presença constante e ameaçadora da morte inevitável.
Está(ão) correta(s)
(A) apenas II
(B) apenas III
(C) apenas I e II
(D) apenas I e III
(E) apenas II e III
(B) apenas III
(C) apenas I e II
(D) apenas I e III
(E) apenas II e III
2) (Enem-2014)
Psicologia de um vencido
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme – este operário das ruínas –
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
(ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. )
A poesia de Augusto dos Anjos revela aspectos de uma literatura de transição designada como pré-modernista. Com relação à poética e à abordagem temática presentes no soneto, identificam-se marcas dessa literatura de transição, como
(A) a forma do soneto, os versos metrificados, a presença de rimas, o vocabulário requintado, além do ceticismo, que antecipam conceitos estéticos vigentes no Modernismo.
(B) o empenho do eu lírico pelo resgate da poesia simbolista, manifesta em metáforas como “Monstro de escuridão e rutilância” e “Influência má dos signos do zodíaco”.
(C) a seleção lexical emprestada do cientificismo, como se lê em “carbono e amoníaco”, “epigênesis da infância”, “frialdade inorgânica”, que restitui a visão naturalista do homem.
(D) a manutenção de elementos formais vinculados à estética do Parnasianismo e do Simbolismo, dimensionada pela inovação na expressividade poética e o desconcerto existencial.
(E) a ênfase no processo de construção de uma poesia descritiva e ao mesmo tempo filosófica, que incorpora valores morais e científicos mais tarde renovados pelos modernistas.
3) (MACK-SP) Assinale a alternativa onde aparece uma característica que não se aplica à obra de Augusto dos Anjos.
a) referência à decomposição da matéria.
a) referência à decomposição da matéria.
b) pessimismo diante da vida.
c) amor reduzido a instinto.
d) incorporação de vocabulário científico.
e) nacionalismo exaltado.
4) (UNOPAR-PR) A linguagem de seus poemas é marcada por um vocabulário antipoético: escarro, verme, morcego, etc. Seus temas preferidos são a ingratidão do ser humano, a putrefação dos cadáveres. São dele os famosos versos: “a mão que afaga é a mesma que apedreja”. Trata-se de
- a) Vicente de Carvalho.
- b) Luís Vaz de Camões.
- c) Augusto dos Anjos.
- d) Vinicius de Moraes.
- e)Manuel Bandeira.
5) (PUC-RS)
“Triste a escutar, pancada por pancada.
A sucessividade dos segundos,
Ouço em sons subterrâneos, do orbe oriundos,
O choro da energia abandonada.”
A crítica reconhece na poesia de Augusto dos Anjos, como exemplifica a estrofe, a forte presença de uma dimensão:
a) niilista.
b) patológica.
c) cósmica.
d) estética.
e) metafísica.
Gabarito:
1 ) d.
2) d.
3) e.
4) c.
5) c.
Para conhecer um pouco mais sobre o poeta Augusto dos Anjos e sobre a Literatura Brasileira, recomendamos as seguintes bibliografias:
CÂNDIDO, Antônio. Iniciação à literatura brasileira: resumo para principiantes/Antonio Candido. – 3. ed.– São Paulo :Humanitas/ FFLCH/USP, 1999.
VASCONCELOS, Montgomery José de. A poética carnavalizada de Augusto dos Anjos. 1ª ed., São Paulo, Annablume, Selo Universidade 28, 1996.
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