literatura sobre Carlos Drummond de Andrade no Enem.
Carlos Drummond de Andrade é o autor mais cobrado no Enem. Em quinze anos, sua obra foi tema para dezesseis questões
Você sabia que Carlos Drummond de Andrade é o escritor mais cobrado nas provas do Enem? O poeta, nesses quinze anos do Exame Nacional do Ensino Médio, foi tema para dezesseis questões, a maioria delas estava na prova de Linguagens e Códigos. Pensando nisso, o Super Vestibular preparou para você uma dica de literatura sobre Carlos Drummond de Andrade no Enem.
É importante que você conheça as características do estilo de Drummond, assim como sua obra, que tradicionalmente é dividida em quatro fases:
- Fase gauche;
- Fase social;
- Fase filosófica/nominal;
- Fase final, também conhecida como fase de memórias.
A fase social, compreendida entre os anos de 1937 e 1945 — momento em que o país vivia a Era Vargas —, é a mais cobrada no exame. Isso acontece porque ela reflete o engajamento social e político do poeta, características que costumam ser muito bem aproveitadas no Enem. Os livros de Drummond que representam essa fase são “A Rosa do Povo”, “Sentimento do mundo” e “Alguma Poesia”. Observe duas questões retiradas das provas dos anos de 2009 e 2012:
Enem 2009
Confidência do Itabirano
Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e
[comunicação.
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e
[sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil,
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...
Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!
ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003.
Carlos Drummond de Andrade é um dos expoentes do movimento modernista brasileiro. Com seus poemas, penetrou fundo na alma do Brasil e trabalhou poeticamente as inquietudes e os dilemas humanos. Sua poesia é feita de uma relação tensa entre o universal e o particular, como se percebe claramente na construção do poema Confidência do Itabirano. Tendo em vista os procedimentos de construção do texto literário e as concepções artísticas modernistas, conclui-se que o poema acima
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a) representa a fase heroica do modernismo, devido ao tom contestatório e à utilização de expressões e usos linguísticos típicos da oralidade.
b) apresenta uma característica importante do gênero lírico, que é a apresentação objetiva de fatos e dados históricos.
c) evidencia uma tensão histórica entre o “eu” e a sua comunidade, por intermédio de imagens que representam a forma como a sociedade e o mundo colaboram para a constituição do indivíduo.
d) critica, por meio de um discurso irônico, a posição de inutilidade do poeta e da poesia em comparação com as prendas resgatadas de Itabira.
e) apresenta influências românticas, uma vez que trata da individualidade, da saudade da infância e do amor pela terra natal, por meio de recursos retóricos pomposos.
Resolução: Alternativa “c”. É possível observar a tensão entre o “eu” e a sua comunidade através da análise dos versos “Itabira é apenas uma fotografia na parede./ Mas como dói!”.
Enem 2012
Aquele bêbado
— Juro nunca mais beber — e fez o sinal da cruz com os indicadores. Acrescentou: — Álcool.
O mais ele achou que podia beber. Bebia paisagens, músicas de Tom Jobim, versos de Mário Quintana. Tomou um pileque de Segall. Nos fins de semana, embebedava-se de Índia Reclinada, de Celso Antônio.
— Curou-se 100% do vício — comentavam os amigos.
Só ele sabia que andava mais bêbado que um gambá. Morreu de etilismo abstrato, no meio de uma carraspana de pôr do sol no Leblon, e seu féretro ostentava inúmeras coroas de ex-alcoólatras anônimos.
ANDRADE, C. D. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: Record, 1991.
A causa mortis do personagem, expressa no último parágrafo, adquire um efeito irônico no texto porque, ao longo da narrativa, ocorre uma
a) metaforização do sentido literal do verbo “beber”.
b) aproximação exagerada da estética abstracionista.
c) apresentação gradativa da coloquialidade da linguagem.
d) exploração hiperbólica da expressão “inúmeras coroas”.
e) citação aleatória de nomes de diferentes artistas.
Resolução: Alternativa “a”. O verbo “beber” não deve ser interpretado de maneira literal, pois está empregado em seu sentido metafórico. O narrador afirma que o personagem “bebia” paisagens, músicas de Tom Jobim e versos de Mario Quintana e por isso morreu de “etilismo abstrato”, o que confere o efeito irônico à causa mortis.
A principal habilidade cobrada do candidato é a interpretação de texto. No caso dos poemas de Carlos Drummond de Andrade, é preciso ficar atento aos recursos utilizados pelo autor. Outro fator importante é a multidisciplinaridade, pois geralmente as poesias de Drummond no Enem estão associadas à história nacional e universal.
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