Literatura para lá de especial e peculiar: a estrutura poética do Cordel.
Inspirada nas trovas portuguesas, a Literatura de Cordel está para a linguagem da poesia como a crônica está para a linguagem da prosa: é uma escrita híbrida, que conta, em versos e rimas, sobre um acontecimento de conhecimento público. É a escritura de caráter documental, informativo (não literário), mas também com elaboração formal (literário). É a voz jornalística cantada, portanto, com ritmo e energia contagiantes!
Neste mês, foi realizada uma exposição bem interessante no Museu Amazônico com a coletânea de versos de um dos mais importantes nomes do Cordel, o baiano Valmir Pereira dos Santos e foi noticiado aqui no jornal O Globo, no dia 01.03.2013:
MUSEU AMAZÔNICO PREPARA EXPOSIÇÃO DE LITERATURA DE CORDEL, EM MANAUS
O poeta Valmir Pereira dos Santos mostra o trabalho nos dias 5 e 6 de março.
'O cordel é jornalismo em versos' traz temas relacionados à política e arte.
'O cordel é jornalismo em versos' traz temas relacionados à política e arte.
Marcos Dantas
Do G1 AM
Cordel do poeta Valmir Pereira dos Santos
(Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal)
(Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal)
O Museu Amazônico prepara o lançamento de uma coletânea de textos em cordel do poeta baiano Valmir Pereira dos Santos. O evento acontece nos dias 5 e 6 de março.
De acordo com o cordelista, a coletânea 'O cordel é um jornalismo em versos' é fiel ao trabalho que o artista já realiza, mesclando jornalismo, política e arte."De fato, o cordel é um jornalismo em versos. Isso se comprova historicamente: na época das caravelas, os fatos que aconteciam durante as expedições eram relatados à coroa em forma de versos", disse ao G1.
Os primeiros trabalhos de Santos apareceram em 2001. Ele foi premiado na cidade de Cedro, interior do estado do Ceará, com o tema 'Diálogo das Raças'. É do poeta também a autoria de 'Lula Antes, Lula Depois' e 'Homens de Bem sobre a Mira do Mal', lançados em 2004. Em 2005, o escritor produziu 'A Indústria da Fé', 'O Preço da Mentira' e 'O Mensalão'. No ano seguinte, Santos lançou 'A Saga dos País do Faz de Contas' e 'Canções de Amor', entre outros.
Atualmente, o cordelista, além de escritor, atua como palestrante de literatura de cordel e promove oficinas de literatura, canto, música. Além disso, ele também palestra sobre o combate à violência e ao consumo de drogas.
Para Santos, o contato do público com a literatura de cordel enriquece a cultura brasileira. "O povo tem acesso à cultura de outros Estados e isso é magnífico", completou.
(...)
O tema e a discussão são bem interessantes para o formato da prova do ENEM, por tratar de estruturas de discursos bem diferentes, diria mesmo, opostas.
Assim, como poderíamos ver uma questão no exame?
Assim, como poderíamos ver uma questão no exame?
ENUNCIADO_______________________________________________________________
Ao estabelecer uma relação com o texto jornalístico, a linguagem do Cordel:
a) permite que o autor possa recriar a realidade do leitor.
b) corrompe o sentido original da função da literatura como a arte do entretenimento.
c) adquire um tom crítico e verossímil com a realidade do leitor.
d) difunde os fatos ocorridos numa região específica do Brasil, objetivo desta estrutura.
e) sobrepõe-se à linguagem informativa da notícia, ganhando um caráter mais verdadeiro, por conter ritmo.
RESOLUÇÃO_______________________________________________________________
Vamos lá!
Se a matéria d’O Globo contempla a discussão sobre a fusão entre o texto jornalístico e o poético, não há a “recriação” da realidade circundante, como é afirmado em A;
A Literatura não é, unicamente, uma arte para o entretenimento; ela pode possuir um valor social / engajado, o que desfaz a questão B;
Não é usado para tratar somente de um lugar específico: há cordéis sobre os mais diversos assuntos e fatos que ocorrem em qualquer lugar do país, descaracterizando a opção D;
Não se sobrepõe à notícia só por ter ritmo, na verdade, usa a notícia para tratar do tema de forma mais elaborada, numa estrutura diferente, portanto não é a opção E;
A opção [C] está correta quando diz que a linguagem cordelista, em relação ao texto jornalístico, passa a ter um tom crítico, coerente com a realidade em que vive o leitor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário